Correr ou pular gera, algumas vezes, sobrecarga corporal com possibilidade de vir a ter como consequência uma disfunção mecânica e que poderá ser corrigida com a osteotomia, porque o esforço executado pelo quadril aumentará 5 vezes se for comparado às atividades normais, sem grandes esforços.
A evolução da artrose no quadril precoce está diretamente relacionada à displasia nessa região do corpo, que poderá evoluir para uma artrose precoce provocando dor no quadril.
Já a do tipo secundária é decorrente da falta de cobertura da cabeça femoral, restringindo a distribuição da carga articular.
A osteotomia tem como objetivo fazer com que o alinhamento das articulações produzidas pela ação biomecânica seja mais efetivo, sendo realizada pelo ortopedista, principalmente o especialista em quadril.
Isso só virá a ocorrer quando for gerada uma ampliação da superfície necessária à transmissão da carga, potencializando as forças de compressão.
TIPOS DE OSTEOTOMIAS: CONHEÇA AS DIFERENÇAS
As osteotomias estão agrupadas em dois grupos, de reconstrução e de salvação.
No primeiro grupo, figuram as caracterizadas por essas situações: remodelamento, redirecionamento restrito, redirecionamento amplo para-acetabulares, periacetubales esféricas e poligonais.
No grupo de salvação, temos dois tipos: tetoplastia por deslizamento e por interposição.
ONDE A OSTEOTOMIA É REALIZADA?
Na região central situada entre as espinhas ilíacas ântero-superior, apresentando pouca inclinação na parte de baixo até o ponto limite na cartilagem trirradiada, onde poderá ser notado um fulcro de angulação ântero-laterial.
Os benefícios principais do procedimento é não prejudicar a realização dos movimentos inferior e posterior do acetábulo.
Já, por outro lado, há o risco de resultar numa rigidez decorrente da deformação plástica produzida no acetábulo.
OSTETOMIA DE SALTER
Também denominada de osteotomia do osso inominado, é aplicada em bebês a partir dos 18 meses e que apresentem índice acetabular com até 350 e assim terá por objetivo propiciar uma melhoria angular CE para 20º a 22º.
Para ser obtida a rotação é realizado um fulcro na sínfise púbica e assim será criado um local em cunha e que será preenchido com autoenxerto de formato triangular, obtido do ilíaco proximal.
Uma manobra de rotação lateral poderá auxiliar na obtenção da correção necessária, complementada pela extensão e adução do quadril tendo o joelho fletido. Vale ressaltar que o quadril deverá estar reduzido e com a cápsula fechada.
VANTAGENS E DESVANTAGENS NOS RESULTADOS OBTIDOS
Foram constatados resultados bons e excelentes em 93,6 % de 140 pacientes na faixa etária de 18 meses a 4 anos, com diminuição para 56,7% naqueles com faixa etária entre 4 e 10 anos.
Entre as vantagens aferidas, destacam-se: a não interferência na cartilagem do crescimento e redirecionamento acetabular condizente para gerar estabilidade.
As desvantagens foram a limitação do redirecionamento limitado de 25 a 30º de extensão e 10º de adução e a cobertura anterior resultante da criação de potencial deficiência na região posterior.
OSTEOTOMIA DE KALAMCHI
Se trata de uma modificação com objetivo de não ocorrer alongamento do membro, com a possibilidade de deslocamento posteromedial. Suas vantagens: melhor estabilidade e consequente equalização dos membros. As desvantagens são o pouco de aumento no tempo da cirurgia e possibilidade de lesão do feixe neurovascular glúteo superi0r.
A combinação da osteotomia do osso inominado com a osteotomia do quadril parassinfisial recebe a nomenclatura de osteotomia de Sutherland e Greenfield, indicada para crianças com idade posterior a 8 anos, pois haverá uma redução sua elasticidade do fulcro da sínfese púbica.
Apresentando benefícios semelhantes da osteotomia de Salter, tem como desvantagem os riscos de lesões na região dos vasos pudendos e também do nervo obturador e do diafragma urogenital.
Quando além da osteotomia do osso inominado se nota uma associação com a osteotomia do púbis e ísquio, é classificada como osteotomia tripla, que gera maior deslocamento e rotação do segmento que abriga o acetábulo, com indicação prioritária para adolescentes e adultos, já que sua rotação na sínfise púbica tem ação limitada.
Nesse caso, as desvantagens são observadas com relação à não consolidação, especialmente da lateralização, além da contaminação em função da proximidade do reto, complementada pela ocorrência de lesão do nervo ciático e do menor grau de rotação.
OSTEOTOMIA HEMISFÉRICA
É como se fez conhecida a osteotomia de Eppright. De característica hemisférica, tem difusão restrita pelo fato de ter reduzida margem de erro, especialmente referente ao risco de gerar uma penetração da cartilagem, além de produzir condrólise e necrose asséptica no local osteotomizado.
É importante ressaltar que, devido ao fato de ter a função de fonte suplementar para o acetábulo, não deverá ser aberta pelo medico ortopedista.
O tipo 1 é a osteotomia esférica considerada simples, apresentando rotação em seu leito, condição que não permite medialização e nem, tampouco, alongamento de membro. Já o do tipo III, que exige mais esforço técnico, faz o merge entre a osteotomia hemisférica com a transversa supra-acetabular. Objetivo: medializar o centro de rotação, propiciando, como vantagem, a correção ampla e, em contrapartida, traz a desvantagem de ocasionar riscos de penetração articular, além da interrupção no suprimento vascular que se direciona ao acetábulo.
OSTEOTOMIA DE GANZ
Também conhecida por osteotomia do quadril de Bernense, foi configurada com a intenção de reduzir certas desvantagens que outros procedimentos acarretavam e assim possibilitar que seja efetivada a correção na inclinação e na torção acetabular, complementadas pela viabilidade de medializar o centro de rotação, especialmente articular.
Apresenta como benefícios a correção multidirecional em alta escala, com preservação do suprimento sanguíneo acetabular, além de preservar o anel pélvico, com mínima fixação interna.
Quando é diagnosticada uma displasia tendo congruência não esférica, a osteotomia indicada é a de Chari, que é feita pela translocação medial do quadrante inferior pélvico.
COMPLICAÇÕES POSSÍVEIS
No procedimento das osteotomias periacetabulares, algumas intercorrências poderão surgir, classificadas em três níveis, que poderão ser identificadas pelo médico ortopedista:
- Menores – quando não é requerido tratamento pela falta de consolidação do ramo público e de parestesia na região do nervo cutâneo femoral lateral, bem como a ossificação heterotópica assintomática.
- Moderadas – nesse grupo estão inseridas as consequências em menor grau de feridas operatórias, neuropraxias ciáticas e também das fraturas que dispensem a reintervenção, com eventuais complicações médicas de pouca gravidade.
- Maiores – quando há possibilidade de morbidade, lesão nervosa não temporária, hemorragia, perda de fixação, trombose e infecção profunda.