Podemos c0nsiderar que praticamente a metade de toda massa do corpo humano é composta por gordura, músculos, ligamentos, tendões, nervos periféricos, vasos sanguíneos, etc, justamente os tecidos que podem formar um sarcoma de partes moles.
Estes materiais são denominados de partes moles. Como os demais componentes do nosso corpo, são passíveis do desenvolvimento de tumores, de diversos tamanhos e características, conhecidos por sarcomas de partes moles.
E quais seriam a origem, ou origens, destes tumores? Eles são provenientes das células mesenquimais primitivas, um tipo de células-tronco que estão presentes em todo corpo.
Por alguma razão, estas células sofrem um processo de mutação que será responsável pelo aparecimento de tumores diversos originando os sarcomas de partes moles.
Entre os tumores que poderão se desenvolver nessa situação, citamos os das células de gordura (lipossarcoma), os do músculo estriado (rabdomiossarcoma) e os de fibra muscular (leiomiossarcoma), entre outras variáveis que já puderam ser devidamente classificadas.
Apesar de poderem surgir em qualquer parte do corpo, mais da metade dos casos constatados estão localizados em duas regiões específicas: braços e pernas, podendo atingir tanto homens e mulheres, adultos quanto crianças, (vale ressaltar que, apesar se ser uma patologia rara, especialistas já identificaram nos últimos anos, em várias regiões do planeta, mais de 50 tipos de sarcomas de partes moles).
Quais seriam os fatores de risco possíveis que poderiam influir no seu aparecimento e desenvolvimento?
Poderá ter origem de ordem genética, inclusive ocorrendo associação com doenças consideradas raras, como a Síndrome de Neurofibromatose e o Tumor de Bainha de Nervo Periférico. Também são consideradas as situações com algum tipo de mutação no gene p53 e síndrome de Li-Fraumeni.
Há um consenso na comunidade médica internacional que, quando se associa a palavra sarcoma a determinada doença, está diretamente subentendido de que se trata da incidência de um possível tumor maligno. No caso dos sarcomas de partes moles é importante salientar que os tumores poderão ser configurados tanto como malignos quanto benignos
Porque algumas das anomalias nas partes moles são causadas por possível inflamação ou mesmo lesão, resultando numa aparência que poderá sugerir tratar-se do desenvolvimento de um tumor quando, de fato, tem configuração bem distinta por alguns motivos bem definidos, a saber: 1) Não são resultantes de uma única célula com característica anormal;2) Sua capacidade de crescimento não é ilimitada; 3) Não tem capacidade de se espalhar para tecidos vizinhos; 4) Não há a possibilidade de disseminação através da corrente sanguínea ou pelo sistema linfático.
Quais os sintomas do sarcoma de partes moles? Nas situações em que atingem determinado membro do corpo, é possível aferir um aumento no volume total ou parcial bem substancioso.
Esse crescimento na fase inicial terá associação com a dor, que só acontecerá quando o tumor tiver tamanho bem maior, interferindo na sensibilidade da região e nos movimentos originais.
Portanto é recomendado a todas pessoas, independente da sua idade ou configuração corpórea, que observe quaisquer mudanças na sua estrutura orgânica no sentido de identificar eventuais situações que estejam ocorrendo fora do padrão da normalidade e que poderão ser devidamente tratadas em tempo hábil.
Os sarcomas de partes moles são combatidos seguindo protocolos de praxe aplicados no tratamento de tumores dos mais diversos tipos. O procedimento cirúrgico, quando pertinente para atender determinada demanda, terá por objetivo primordial a ressecção do tumor, sendo conduzido com as margens de segurança devidas.
A radioterapia é um recurso tecnológico que vem sendo utilizado para evitar a reincidência do tumor e assim o paciente terá condições concretas para retomar suas atividades originais, sejam elas pessoais, sociais, profissionais e até esportivas, fazendo o acompanhamento médico para controle permanente.
Quando é constatado o processo de metástase nas manifestações efetivas dos sarcomas de partes moles, pois a doença se propagou para outras partes ou regiões do corpo, a quimioterapia será necessária para que esse quadro não se agrave ainda mais.
No final de 2017, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou uma droga para tratamento da doença, Lartruvo, anticorpo monocional, especialmente em processo metastático, num tratamento em associação com medicação antracílica. O seu efeito anti-fator de crescimento resultante de plaquetas, anti-PDGFR⍺), foi conclusivo.
Já o tratamento efetuado e monitorado clinicamente com olaratumabe passou por teste em 133 pacientes que eram portadores metastáticos e randomizados com incidência comprovada de sarcomas de partes moles obtendo, como ganho, 2,5 meses de sobrevida sem progressão do tumor, se comparado com o tratamento isolado com antracíclico.
No que se refere aos objetivos secundários, foi possível aferir que o tratamento com metodologia combinada proporcionou um ganho numérico superior, se comparado à taxa de resposta objetiva (18,2% X 11,9%).
Sem contar que foi comprovado o benefício complementar de sobrevida global na estimativa de 11,8 meses.
Conforme declaração à época, proferida pelo Dr. Rafael Schmerling, integrante do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes, da Beneficência Portuguesa, de São Paulo, a aprovação concedida pela ANVISA chegou num momento em que o sarcoma de partes moles têm avanços limitados para tratamento, levando em conta as últimas décadas, e a aprovação da droga pelo governo trouxe um novo horizonte para pacientes, seus familiares e toda classe médica que poderá contar como esta ferramenta de apoio para o desenvolvimento do seu trabalho.
Estes importantes estudos, é claro, não pararam naquela etapa e novos experimentos descobertas vêm sendo desenvolvidos no meio científico em vária categorias, a exemplo de todos os demais que estão em curso atualmente. Assim, cada vez mais, é possível se aproximar da cura para sarcomas de partes moles que, tomara, esteja mais próxima do que se imagina.