Alguns termos utilizados na medicina tiveram sua origem há muito tempo e, curiosamente, perduram até os tempos atuais. Exemplo disso é luxação congênita do quadril, que surguiu anteriormente na época de Pitágoras!
Outra denominação para essa enfermidade é displasia do desenvolvimento do quadril, que está diretamente relacionada ao desgaste no quadril, que o médico ortopedista vem diagnosticando e tratando ao longo dos anos, como bem sabemos.
Mas foi um pediatra italiano do começo do século passado, Ortolani, quem conseguiu efetuar um diagnóstico mais completo, estudando atentamente sua evolução e qual tratamento seria mais indicado.
A luxação congênita do quadril tem sua incidência média de 1 para 1.000 pessoas. Barlow, no entanto, estabeleceu outra marca: 1 para 60 crianças.
É notório que essa displasia causa dor no quadril e que está inserida no conjunto de enfermidades que acabam gerando osteoartrite secundária nessa região do corpo.
Aqueles que são acometidos desse problema trazem muitos desafios para o ortopedista que está imbuído do propósito de protetização dos seus quadris, posto que a ocorrência de luxações unilaterais é produto da discrepância dos membros inferiores. Como consequência, tanto as alterações na marcha quanto a disfunção do quadril e joelho.
O especialista em quadril tem ciência de que a dor se manifesta, a rigor, no joelho, e que muitas vezes também aparece na região inferior da coxa.
Isso é causado pela inervação do quadril, atingindo dois nervos: obturador e femoral.
É curioso observar que a “verdadeira” dor do quadril é normalmente percebida como uma dor na virilha.
Também é importante notar que, quando ocorre o desenvolvimento de um falso acetábulo, está diretamente relacionado ao mau resultado num universo aproximado de 75% dos pacientes.
RADIOGRAFIAS NECESSÁRIAS
Para ser efetuado um correto diagnóstico da displasia de quadril, o procedimento mais indicado é realizado com radiografias, que poderão ser dessa natureza:
– AP de bacia, que vai possibilitar a visualização de diversas alterações degenerativas, além da versão, congruência articular, displasia dois acetábulos e, finalmente, a avaliação do canal femoral;
– Falso perfil, com visualização do ângulo centr0-borda;
– Perfil, com anteversão do colo femoral;
– Funcional, com congruência e cobertura articular.
Estão disponíveis atualmente um extenso conjunto variável de classificações que terão por função tanto identificar quanto fazer o prognóstico de possíveis intercorrências que poderão vir a acometer nas diferentes formas que poderá ser identificada a displasia, sendo mais utilizadas as Hartofilakidis e Crowe.
A de Hartofilakidis estão classificadas em três tipos:
– A – displasia;
– B – luxação baixa;
– C – luxação alta.
Já Crowe, em 1979, levou em conta para estabelecer a classificação a quantificação da migração proximal da cabeça na luxação congênita do quadril, nesse caso com quatro possibilidades:
– I – com menos de 50% de subluxação;
– II -com 50 a 75% de subluxação;
– III – com 75 a 100% de subluxação;
– IV – com mais de 100% de luxação.
Como se pode calcular a quantidade de subluxação?
A primeira ação será medir a altura da cabeça femoral (se for notada uma grande deformidade na cabeça femoral, deverá ser utilizado, como regra padrão, 20% da altura vertical de toda região da pelve e assim será estimado o tamanho da cabeça femoral).
O passo seguinte será a medição da distância vertical existente no meio da linha traçada entre as imagens das lágrimas e a porção inferomedial que se identifica na junção colo-cabeça femoral (que será a quebra da linha de Shenton).
Conseguida essa medida, ela deverá ser dividida pela altura da cabeça femoral. Assim: se uma cabeça tiver 40 mm de altura com uma migração de 20 mm, o percentual de migração será de 50%.
CLASSIFICAÇÃO DE TONNIS
Considerada como a classificação de artrose de maior utilização levando-se em conta as alterações radiográficas, está dividida dessa maneira:
– 0 – quando não existem sinais de osteoartrose;
– 1 -quando se constata um aumento da esclerose subcondral, pouca diminuição do espaço articular e sem ou pouca mudança na esfericidade da cabeça femoral;
– 2 – quando se identificam pequenos cistos subcondrais e, também, moderada redução do espaço articular e moderada alteração da esfericidade;
– 3 – quando ocorre a presença de grandes cistos, além de considerável diminuição do espaço articular e expressiva alteração da esfericidade da cabeça femoral.
HIPOPLASIA DO FÊMUR
O acetábulo é, normalmente, deficiente e hipoplásico, tanto na parte anterior quanto na superior, apresentando grande dificuldade para a obtenção da cobertura necessária para o componente acetabular.
O fêmur tem, também, característica hipoplásica, com estreitamento do canal medular e aumento da torção.
O resultado será uma excessiva anteversão, além do posicionamento posterior do grande trocander.
É notório que quando ocorrer distorção da anatomia, com ênfase nas luxações altas, irá afetar em larga escala as partes moles existentes no entorno do quadril.
Levando-se em conta a possível exceção da musculatura abdutora, normalmente no formato horizontal, os músculos posicionados em volta do quadril estão encurtados e com sua cápsula espessada.
O nervo ciático se mostra encurtado e o curso do nervo femoral e da artéria femoral profunda se apresentam alterados.
Isso faz com que se mantenham em estado de risco, com possibilidade de gerar uma lesão ao longo do processo cirúrgico.
FORMAS DE TRATAMENTO
Normalmente, a prescrição da cirurgia reconstrutiva do quadril se assemelha às situações cirúrgicas de rotina.
Os pacientes, na maioria dos casos, fazem a cirurgia coma pretensão de diminuir a dor.
Pelo fato de tratar-se de patologia pertencente ao período neonatal, os sintomas de muitos pacientes são percebidos de forma precoce, apresentando diversas possibilidades de serem efetuados tratamentos, antes de consolidar a decisão de se submeter ao procedimento cirúrgico. Poderá atenuar/acabar com a dor de três formas básicas: com medicamentos, uso de muletas e/ou recomendação de repouso.
Cirurgias
Identificar as osteotomias (femorais e/ou acetabulares) serão medida bem eficaz para retardar ou resolver a displasia, com especial atenção à displasia bilateral alta, onde raramente será prescrita as artroplastias.
Devem sempre ser levadas em conta as considerações anatômicas que estejam vinculadas à anormalidade do desenvolvimento do quadril, com suas dificuldades se posicionando entre mínimas e extremamente severas.
O estreitamento do canal femoral produz fratura no fêmur se forem utilizados certos componentes.
O uso de implantes inadequados desponta com o grande responsável pelo fracasso na realização do procedimento.