A forma de apresentação primária da osteoartrite no quadril tem desenvolvimento de maneira espontânea, a não ser que já exista uma predisposição genética para esse problema que afeta, primordialmente, pessoas na faixa de 50 a 70 anos. Já a da forma secundária tem sua evolução depois da ocorrência de algum trauma na região do quadril. Os pacientes portadores de luxação ou subluxação traumática do quadril apresentam uma probabilidade 16% maior para desenvolvimento da osteoartrite no quadril, enquanto aqueles que tiveram fratura acetabular terão chance bem maior: 88%. A incidência dessa artrose no quadril é notada, em maior volume, entre jovens de 20 e 50 anos.
A osteoartrite tem se manifestado mais em homens (16%) do que em mulheres (6%), estando ambos na faixa etária de 65 a 74 anos, conforme dados obtidos na Inglaterra. Na faixa etária entre 55 e 74 anos, conforme levantamento efetuado pelo NHANES, National Health and Nutrition Survey, houve uma incidência de 3% para mulheres e 3,2% para homens. Entre 14% e 15,1% para mulheres e 14,1% para homens acima de 55 anos, conforme estudo desenvolvido por Roterdã.
Qual seria o motivo da maior prevalência com a evolução da idade da artrose no quadril?
Talvez a causa esteja associada à capacidade dos condrócitos de corresponder a certos fatores relacionados ao crescimento e aos reparos que foram efetuados nas cartilagens. O fato de termos, cada vez mais, uma maior população idosa ao redor do mundo, faz notar um acentuado número de osteoatrite de quadril nos anos que virão e, consequentemente, um maior volume de artroplastias. Conforme dados de 2005, mais de 238.000 pacientes passaram por cirurgia de artroplastia total de quadril, envolvendo um custo superior a 9,2 bilhões de dólares com a hospitalização decorrente da artrose no quadril.
Os músculos e tendões têm a função de proteger as juntas, fazendo contrações no tempo apropriado durante a execução do movimento para dispor de força e aceleração necessárias para um determinado membro fazer as tarefas que lhe couber. Por conta desse esforço, muitas vezes demasiado, poderá ser gerado um estresse na articulação e que poderá ser reduzido se houver uma contração muscular para desacelerar a articulação na fase anterior ao impacto. Assim a força do impacto será distribuída por toda superfície da articulação. O envelhecimento contribui para que venha a ocorrer uma maior incidência de artrose no quadril devido desgaste no quadril.
Com o avanço da idade, aumenta a vulnerabilidade em várias partes do corpo, inclusive na região do quadril e que irá influir em diversos pontos que afetam os protetores das articulações. A cartilagem fica mais fina com o envelhecimento, o que poderá gerar maior tensão de cisalhamento, tendo relação direta com possíveis danos na cartilagem. Sem contar que os músculos se tornarão gradativamente mais fracos e, dessa forma, a função de alguns ligamentos ficará mais deficitária, além do fato da resposta sensorial ser mais lenta nas pessoas idosas.
Podemos afirmar que as mulheres com idade mais avançada têm maior probabilidade de identificar a OA nas suas articulações, especialmente depois dos 60 anos, inclusive como uma das consequências da menopausa. O fator genético está diretamente relacionado à osteoartrite, conforme estudos sabemos que mais da metade da incidência poderá ser comprovada em membros da mesma família que apresentam desgaste do quadril. No desgaste de quadril, resultando em OA, está presente em 58% de gêmeos femininos, sendo bem menos prevalente nos gêmeos masculinos.
E quem tem artrose no quadril pode fazer caminhada?
Cada situação deverá ser criteriosamente avaliada pelo médico ortopedista. Voltando para a questão genética, muitos genes foram identificados como atuantes no processo de desenvolvimento da osteoartrite e a maioria deles está envolvida na síntese de proteínas da matriz. Muitos estudos foram realizados abrangendo diferentes povos e nacionalidades com objetivo de identificar a etiologia da OA. Por exemplo, em populações da Ásia a osteoartrite é inferior às encontradas em populações brancas, o que confirma o fato da OA de quadril nos Estados Unidos ter menor prevalência em asiáticos se comparado com as encontradas nos indivíduos brancos.
Hoje é de ciência geral o papel crítico dos estrógenos no decorrer da homeostase óssea. Já se sabe, contudo, que existem indicativos que apontam a influência dos estrógenos no desenvolvimento da osteoartrite. Inclusive quando se constatam baixos níveis de estrogênio nas mulheres em sua fase pós-menopausa, o que poderá aumentar o risco de OA.
Existem controvérsias com relação à reposição estrogênica como fator de proteção contra o desenvolvimento da osteoartrite. É notório que a suplementação do estrogênio provoca redução na cartilagem, o que irá inibir tanto a proliferação quanto a maturação dos condrócitos.
Certos fatores nutricionais, como o caso das vitaminas, terão um papel importante para evitar a OA. Por exemplo, a vitamina C atua diretamente nas cartilagens, e até na proteção contra espécies reativas, agindo como cofator no processo de sintetização do colágeno do tipo II. A vitamina D também terá função importante quando tratamos de medidas preventivas contra a osteoartrite. A AO está de alguma forma associada a certas lesões articulares graves e, conforme já mencionado anteriormente, sua incidência é maior com o avanço da idade, somado ao estresse no contato das articulações, o que poderá contribuir para o surgimento precoce da doença. A utilização de forma repetitiva de certa articulação estará diretamente relacionada ao aparecimento da osteoartrite.
Apesar de não ser incluída no conjunto de doenças inflamatórias, a OA acaba gerando inflamação na membrana por conta dos fragmentos de articulações da cartilagem separada a matriz, durante o processo de degradação. Ocorrendo uma carga na articulação num volume bem acima do suportável, poderá ter como consequência o aparecimento de microfraturas. A função efetiva do osso subcondral na artrose de quadril não está devidamente clarificada, bem como um remedio para artrose que possa resolver o problema. É importante buscar ajuda especializada quando forem identificados os sintomas de artrose e assim poderão ser tomadas as medidas necessárias para tratar da artrite e artrose devidamente.
Nem sempre é coxartrose quando o paciente informa que sente dor no quadril.
Existem muitas outras causas que poderão produzir esse sintoma, exigindo, portanto, uma avaliação mais técnica e profunda, que poderá indicar osteoatrite coxofemoral, síndromes miofasciais na região dos glúteos e também a síndrome do piriforme.
A dor aguda é sinal de alerta, normalmente seguida de lesão tecidual, enquanto a crônica se mantém por maior tempo até a cura da lesão, com possibilidade de estar associada a certas artropatias também crônicas , causando dor do tipo contínua ou de forma recorrente, se manifestando em intervalos que poderão ser tanto de meses quanto de anos.
ORIGEM DA DOR
A dor do quadril poderá ter origem mecânica e não mecânica.
A mecânica é causada por lesões musculares no reto femoral, glúteo médio, quadríceps, síndrome de piriforme, bursite e adutores.
A não mecânica é proveniente de infecções pontuais, especialmente a tuberculose, e outras não específicas, como artrite séptica, psoite e osteomielite do fêmur, além de tumores malignos e benignos.
Outras possíveis causas: artrose, necrose da cabeça femoral, impacto fêmoro-acetabular, lesão do labrum acetabular etc.
Quando falamos em dor no quadril e buscamos seu diagnóstico, precisaremos dividi-la em dois grupos: intra e extra-articular, observando seu cenário geral – localização, intensidade, tempo de duração e fatores associados, que poderão ser identificados através do exame físico efetuado na clinica ortopedica pelo médico ortopedista.
A dor intra-articular é usualmente identificada numa dessas três áreas: coxa, nádega ou região inguinal, comumente apresentando dor nos ossos do quadril e rigidez articular, dificultando algumas atividades cotidianas, como calçar tanto sapatos quanto as meias.
A extra-articular é percebida através da palpação do quadril, que poderá revelar um quadro de bursite, sacroileítes e entesites.
DOR APÓS ATIVIDADE FÍSICA: O QUE FAZER?
Em algumas situações, o paciente solicita no consultório um remedio para artrose após realizar determinada atividade física, como uma caminhada, e reclama da dor, rigidez muscular ou limitação nos movimentos.
O exame físico revelará que a dor está relacionada à mobilidade na articulação, claudicação e redução na amplitude dos movimentos.
O tratamento se dará através da prescrição de analgésicos e anti-inflamatórios.
Em determinadas situações, a perda de peso será uma medida bem benéfica ao paciente, podendo ser complementada com sessões de fisioterapia. O procedimento cirúrgico será uma das alternativas nas situações de maior gravidade.
A artrite inflamatória ou osteoartrite, na qual se inclui a artrite reumatoide, lúpus, artrite psioriásica e espondilite anquilosante, a rigor se manifestam em pacientes que apresentam queixas de ordem inflamatória em outras articulações, e com rigidez articular, se evidenciando na parte da manhã e melhorando ao longo do dia.
Já a artrite do tipo séptica, ou atrite piogênica, é considerada pelo medico ortopedista como urgência, sendo necessário procedimento cirúrgico o quanto antes, especialmente quando o paciente reclama de dor aguda na região do quadril, podendo apresentar também mal-estar geral acompanhado de febre.
Nesse caso, o ultrassom articular irá apontar que está tendo aumento de líquidos na região intra-articular, com tratamento indicado a drenagem e antibioticoterapia adequada.
NECROSE AVASCULAR: TRATAMENTO CLÍNICO
A osteonecrose ou necrose avascular é mais usual em pacientes na faixa etária de 30 a 40 anos e que apresentam, como fatores de risco principais, o consumo de álcool, além do uso de corticosteroides, anemia falciforme, barotrauma e exposição à altas doses de radiação.
A radiografia vai apontar a esclerose, fragmentação e, nos casos mais graves, colapso subcondral.
Quando ocorrer suspeita clínica, será necessária a ressonância magnética no quadril, por permitir que seja vislumbrada a lesão, tanto sua localização quanto extensão.
Estudos identificaram que metade dos pacientes contam com envolvimento bilateral e 15% deles com osteonecrose também têm acometimento em outra articulação.
O tratamento clínico de rotina consistirá na prescrição de repouso, fisioterapia, perda de peso (caso necessário), analgésicos e anti-inflamatórios.
O impacto fêmoro-acetabular foi reconhecido recentemente como uma das causas prematuras da artrite degenerativa e se trata do contato patológico do colo femoral anterior com a borda acetabular, tendo como consequência a lesão no labrum e também na superfície articular.
Quando o procedimento clínico é realizado, alguns testes de impacto positivos serão úteis, como o Fadir de flexão-adução-rotação interna positivo.
Também serão úteis as radiografias na posição ântero-poterior da bacia e em perfil de Ducroquet e Lequesne com objetivo de confirmar e diferenciar o tipo de impacto nessas três condições: bump, pincer ou misto.
No caso do pincer, para seu estudo de impacto será inclusive recomendada a tomografia computadorizada, acompanhada da ressonância magnética, pois poderão apresentar determinadas alterações, como as lesões cartilaginosas e labrais.
FALANDO DAS LESÕES LABRAIS
É um tipo de lesão cuja dor poderá se assemelhar à de outras patologias que acometem o quadril, pelo fato de ficar mais intensa com maior atividade física, com ênfase dos exercícios que incluírem flexões, tendo maior incidência nos pacientes jovens e que apresentem histórico com displasia acetabular, podendo, inclusive, ser constatada através da radiografia.
Mas para que seja confirmado o diagnóstico de lesão labral, se fará necessário a ressonância magnética.
A osteoporose transitória do quadril muitas vezes se confunde com osteonecrose da cabeça femoral e é identificada com uma condição autolimitada de dor, com maior incidência em mulheres grávidas no terceiro trimestre de gestação e em pacientes entre 60 e 70 anos.
Nesses casos, poderá ser observado que a dor vai piorando quando houver maior atividade física e apresentará melhora no estado de repouso.
Quando realizados alguns exames complementares, que seria o caso da radiografia da bacia em ântero-posterior, há a possibilidade de serem notados sintomas de osteoporose após 2 meses dos sintomas, que normalmente melhorarão num período médio entre 6 a 9 meses.
Na ressonância magnética poderá ser identificado edema difuso atingindo a região da cabeça, colo e a parte intertrocantérica, diferente do que ocorre na osteonecrose quando serão notados sinais focais, especialmente na subcondral.
Tumores primários têm incidência rara, mas é bom ressaltar que, muitas vezes, se apresentam como diagnóstico diferencial da dor no quadril.
Outra causa que talvez venha a ter relação com a dor é a bursite trocantérica, identificada quando se sente dor devido à palpação do grande trocander, causando também sensação de queimação e dificuldade para dormir/deitar do lado afetado.