Apesar de os sintomas reunirem uma diversidade gama de manifestações clínicas, a AR (Artrite reumatoide) é uma sinovite inflamatória persistente, portanto pode resultar numa lesão tanto cartilaginosa quanto óssea.
O médico ortopedista certamente aferirá que cada caso se diferencia do outro. Dessa forma, não tem quadro de evolução do tipo uniforme quando se observa um ou outro paciente.
O comprometimento articular, passível de ocorrer na artrite reumatoide, é mais grave, se comparado com o de outras doenças associadas a anticorpos.
PREDISPOSIÇÃO GENÉTICA
Quando analisamos o assunto pelo ponto de vista epidemiológico e também genético, observamos que a AR está presente de 0,5% a 2% de toda população, com maior incidência no sexo feminino em 1/3 do universo com 1/6 maior de frequência nesse sexo depois da sexta década de vida.
Está comprovada a predisposição genética da artrite reumatoide, apesar de se configurarem fatores não genéticos com atuação etiopatogênica, apesar de não atuarem exclusivamente como causadores da AR, pois também poderão influir a associação dos fatores genéticos somados aos ambientais.
Não se sabe, até agora, quais fatores causam a artrite reumatoide.
Existem indícios da participação de certo agente infeccioso diretamente relacionado ao aparecimento da enfermidade, além da presença de algum hospedeiro suscetível geneticamente, apesar de constarem controvérsias a respeito de como o agente seria responsável pela inflamação articular crônica, gerando uma resposta que seria imune aos componentes articulares configurados na forma de peptídeos antigênicos com manutenção do padrão especulativo correspondente à esta etiologia.
As alterações presentes na fase inicial da sinovite reumatoide são de dois tipos: lesão microvascular e aumento das células do revestimento sinovial mononuclear.
Esse quadro terá implicação direta no edema viloso protruso intra-articular, que irá se espalhar com objetivo de cobrir a pannus, cartilagem articular, gerando a hiperplasia e hipertrofia destas células, sendo notada a predominância infiltrante das células T(CD4+).
Estas células serão responsáveis pela produção diversificada de variedades de citocinas que irão estimular a proliferação das células ponderal.
Nessa situação, alguns sintomas muscoesqueléticos vagos terão possiblidade de surgir – até o momento em que a sinovite se tornará evidente e, consequentemente, atingirá inúmeras articulações, processo conhecido como poliartralgias, quando a rigidez matinal será um tipo de manifestação praticamente invariável, em se tratando de artrite reumatoide.
DEFORMIDADES DA ARTRITE REUMATOIDE
Já se sabe que a sinovite a incidência da AR terá risco de afetar qualquer tipo de articulação e que o processo de cronificação da inflamação desenvolverá inúmeras deformidades que são típicas dela, tanto nas mãos quanto nos pés.
Isso será decorrência das alterações biomecânicas na região e dos fenômenos histopatológicos relacionados à sua fisiopatologia.
Pelo fato de tratar-se de um tipo de enfermidade classificada como sistêmica, a artrite reumatoide atua em conformidade com um diverso conjunto de manifestações extra-articulares, das quais podemos destacar a vasculite reumatoide, neuropatias sensitivas periféricas, síndrome de Feltry (esplenomegalia, neutropenia, anemia e trombocitopenia), além dos nódulos reumatoides.
Com relação à osteoporose secundária, o ortopedista poderá observar que normalmente acomete e tem seu agravamento por conta da glicoterapia, produzindo uma redução sistemática do conjunto de massa óssea.
EXAMES UTILIZANDO IMAGENS
As alterações nas articulações que terão relação direta com o desgaste no quadril poderão ser avaliadas pelo medico ortopedista com a utilização da radiografia simples da bacia, da tomografia computadorizada e, também, através da ressonância nuclear magnética.
Apesar da cintilografia óssea ter a propriedade de ser muito sensível quando se pretende obter a captação dos tecidos inflamados, não tem a função específica para identificar determinada enfermidade. A exemplo da ultrassonografia, será ferramenta de grande valia quando se objetiva gerar um diagnóstico de ordem complementar, tanto especificadamente na AR quanto em outras regiões afetadas, apesar de não ser recurso para se obter imagens eficazes do quadril.
Sabemos que a radiografia de início sindrômico tem caráter inocente, apresentando resultados concomitantemente ao avanço da doença, fazendo valer um padrão típico que apresenta tendência para um comprometimento simétrico.
Deve-se ressaltar, contudo, que as evidências radiográficas na artrite reumatoide, especialmente quando ocorrer no quadril, serão de menor expressão se comparadas com as manifestações clínicas locais, já que o principal mérito da radiografia é justamente aferir a destruição cartilaginosa e também a erosão provocada pela AR.
O especialista em quadril ao realizar o exame verá que será essencial para elaborar o diagnóstico da artrite reumatoide, inclusive por se tratar de procedimento de baixo custo e que disporá os elementos referentes ao alinhamento das estruturas dos ossos do quadril e dos tecidos adjacentes, como efeito da redução do espaço articular, edema periarticular, erosões, calcificações e osteofitose.
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E RESSONÂNCIA
Se trata de técnica indicada quando se pretende obter uma avaliação dos tecidos moles e também da osteonecrose da cabeça femoral, com a vantagem de poderem ser observadas em conjunto as partes moles e ósseas, apesar de não ter evidência para obtenção do diagnóstico por imagem na AR.
A RNM, ressonância nuclear magnética, traz excelentes imagens tanto dos tecidos moles quanto das estruturas vizinhas do quadril, sendo inclusive muito útil quando há a necessidade de se observar as articulações, bursas, tendões, derrames articulares e erosões ósseas subcondrais, podendo, inclusive, detectar necrose avascular de forma mais precoce, se comparada com a TC e cintilografia óssea, levando-se em conta que o procedimento poderá vir a ser claustrofóbico e de maior custo, com o benefício de não expor o paciente à radiação ionizante.
TERAPIA DEDICADA
Quando se fala de tratamento da artrite reumatoide está implícito que envolverá uma terapia dedicada a longo prazo. Além de exigir que seja efetuada uma abordagem de ação multidisciplinar envolvendo várias especialidades.
O tratamento cirúrgico não será iniciativa isolada, compreendendo um diversificado conjunto de procedimentos.
A prótese de quadril terá função decisiva na ocorrência de articulação danificada pela AR, apesar de não ser a articulação mais afetada pela enfermidade.
É importante ter cuidado na utilização dos afastadores, evitando fraturar a parede acetabular.
A fresagem do fêmur será, normalmente, fácil de executar, devido ao fato estar usualmente alargado.
Alguns autores defendem a utilização de próteses não cimentadas nos pacientes jovens, mesmo se apresentarem má constituição óssea.